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Acaba de me matar...

Sempre que estou numa entrevista de trabalho, testam a minha determinação e força de vontade perguntando-me “Aonde te vês em cinco anos?”. A pergunta é simples e merece uma resposta que transborda maturidade e ambição. Mas confesso que hesito em responder…começo por odiar-me por saber que posso responder com audácia e ciente que tenho os recursos para concretizar os meus objectivos. O meu plano de cinco anos mora numa casa luxuosa com um jardim magnífico e vista para uma piscina mais profunda do que a minha vontade de vencer. É bom poder decidir a resolução da minha vida nos anos que se aproximam…mas é triste saber que nem todos gozam do mesmo poder.

Ontem, enquanto ansiava uma notícia transmitida pelo telejornal de que talvez exista a possibilidade de amenizar a crise económica do país, fui vítima do desprazer de ouvir que numa localidade em Angola as crianças não vão a escola há cinco anos. O plano de cinco anos dessas crianças ou jovens é uma mera ilusão. Eles são obrigados a esperar e com o tempo cansam-se de ‘remar sem remos’. É esse cansaço que não oscila...ou talvez simplesmente não diminui...só aumenta diariamente como o dólar. É esse cansaço que nos desmotiva a todos e que nos faz lutar para que todos tenham melhores ‘projectos de cinco anos’. É por esse cansaço que criamos a rede #AcabaDeMeMatar, para deixa-lo nos preencher e assim aceitar que não seremos nada em cinco, nem em seis ou em sete anos…

Nós somos nada! Não temos nada! Somos iludidos por promessas sem fundos, fundos esses dos que roubaram por mais de cinco, dez, trinta ou mais anos...Espera! Talvez esteja a ser um pouco ingrata. Perdão! Onde estão as minhas maneiras? Esqueci de agradecer por finalmente termos liberdade de expressão...Liberdade essa, que muitos tiveram que morrer para conseguirmos. Liberdade essa, que hoje com a internet e a ousadia das redes sociais, tornou-nos mais fortes e capazes de nos unir para eliminar o nepotismo, a manipulação, a tortura, as injustiças, as fraudes, e as constantes faltas de respeito.

#AcabaDeMeMatar é o nosso apelo cansado que espelha o nosso desespero. O protesto irónico reuniu diferentes relatos insatisfatórios sobre a situação do país em que neles abordam as condições primitivas das estradas; a falta de assistência nos hospitais; o custo de vida; a poluição; o desemprego; a falta de escolas; e etc...Confesso que a abreviação ‘etc.’ nunca se encaixou tão bem numa frase.

A manifestação é a progenitora do começo de uma rebeldia saudável em que já não iremos nos contentar sendo herdeiros de miséria, pelo contrário, vamos usufruir da nossa liberdade de expressão grátis e sem taxas de circulação, para reivindicar os nossos direitos como angolanos, ou melhor, seres humanos. #AcabaDeMeMatar é um exemplo perfeito de empreender, de criar, de realizar e de tentar...



Acaba de me matar... Acaba de me matar... Reviewed by Lunga Noélia Izata on fevereiro 28, 2018 Rating: 5

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About me

I am willing to share my own stories and use my platform to talk about movies, books, music, volunteering, traveling and relationships.

My first publication was a fiction novel ‘Sem Valor’ (meaning Worthless) where I addressed autism and prostitution; wrote a short-fiction story ‘Hello. My name is Thulani’ featured on ‘Aerial 2018’ about transgender issues and represents an allegory of identity crisis, meaning everyone is in transition to something; co-authored with six African authors on a motivational book ‘Destiny Sagacity’ about the power of destiny; my memoir ‘The story is about me’ tells my adventures volunteering in Uganda and staying with a family in the village of Wakiso; and my recent offering “Read my Book’ is a fictional approach to apartheid.

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