recent posts
Raramente
escrevo em português, tenho amor pela língua de Camões mas tenho desprazer de
dividir os meus pensamentos com aqueles que foram colonizados por esta língua.
Escrever em português, é convidar tias e tios para encontrarem defeitos e
pecados na minha transparência, criticarem as minhas decisões amorosas ou considerarem
os meus sentimentos exposição. Faz parte da vida do artista ser julgado mas
prefiro ser julgada por pessoas que apreciam a minha sinceridade e ousadia. O
meu blog é maioritariamente em inglês porque o meu público sul-africano,
americano e britânico é mais compreensivo e aceita-me sem filtros.
Não é a
primeira vez que venho falar sobre a morte, esta plataforma esta cheia de lamúrias
e despedidas dos formados da vida. Devo dizer que tenho um historial de mensagens
melancólicas e infelizmente a minha inspiração é mais inclinada para a dor. A última
morte que foi alvo das minhas palavras foi o suicídio de uma menina da minha
antiga universidade, uma menina que nem conhecia, que simplesmente troquei
palavras uma vez e nada mais. Por isso, quero desde já esclarecer que não
conhecia o Fill mas não poderia ser indiferente a esta tragédia. A vida é uma
bomba que quando explode, afecta várias vidas, até as dos que estão mais longe.
Fui vítima dessa bomba, tive algumas lesões sentimentais com este acontecimento
e quero dividir com vocês como este falecido desconhecido marcou-me.
Quando recebi
a notícia, uma amiga comentou comigo que há poucas horas atrás ele estava a
fazer stories no Instagram, corri para lá e fui ver os seus últimos momentos.
Parecia estar feliz, ao lado dos amigos, a celebrar a vida, a sua carreira ou
simplesmente a sua existência. Vi os vídeos mais de dez vezes e quis entender
se ele sabia, se havia algum vestígio, alguma mensagem ou indicação que isso
iria acontecer, nada! Foi tudo inesperado, é esta característica da morte que
faz ela mais dolorosa, a surpresa…aquela sensação que parece que vai ser um dia
normal, que vais acordar, abrir o telefone e ver um “meme”, uma piada ou um
escândalo e rir mas não, não foi isso que o Instagram tinha preparado para nós
naquele dia.
Foram fotos
atrás de fotos do Fill, em algumas ele sorria, via-se que estava bem e que
estava no auge da sua carreira, em outras não posso dizer exactamente o que
continham porque não tive coragem de abrir, nessas fotos não mostravam só a
perda de uma vida mas também a maldade que mora em Angola. Oh Deus, que povo é esse?
Queria concentrar-me no Fillemon e na grandiosidade do seu ser mas não posso
ignorar tamanha habilidade de ser maldoso do povo angolano. Em um chat do
whatsapp, alguém publicou que o Fill estava vivo e que estava a fazer um directo
no Instagram, mais uma vez corri para lá mas nada, era tudo mentira! Porquê
tanta criatividade na maldade? Para quê?
Lembro-me de
estar num show da Unitel e o ver, nunca o tinha visto antes, sinceramente até
fiquei na dúvida se era ele. Ele tinha um olhar diferente, não tinha aquela
postura de artista, tinha um olhar humilde e convidativo. Hoje lembro-me daquele
dia e dava tudo para voltar e falar com ele, forçar conversa, ser aquela fã
chata. Queria muito conhecer o jovem que parou esta nação, que fez todos os
artistas mostrarem o seu lado humano, o jovem que em todas as dedicatórias foi
mencionado pela sua energia, o jovem que era tão especial que até o seu melhor
amigo fez uma tatuagem com o seu nome.
Porquê? Porquê
uma morte tao trágica e dolorosa? Estúpida, sem lógica, sem necessidade…Um
jovem com uma vida toda pela frente…Já varias vezes afundei-me neste labirinto
de tentar entender a morte, e cheguei a pensar que a morte acontece quando alcançamos
um limite, limite de bondade ou de maldade. Quando és mau demais, é a tua hora
e quando és bom demais, também. O Fill era definitivamente bom demais! Foi
fácil saber quem ele era pelas dedicatórias, cada mensagem mais bonita do que a
outra, ele era amado e querido. Nunca senti tanto amor nas redes sociais dos usuários
angolanos, amor tão forte que abafou e ultrapassou a exposição das fotos do
acidente e o comportamento no funeral.
Sei que os
artistas são abençoados de dons e almas puras, almas essas que o mundo precisa,
principalmente em Angola. Perdemos mais um que poderia ter feito desse país
melhor, mais um que podia nos ensinar a amar mais... Repito, não conhecia o
Fill, e reconheço que minha dor nem é um 1% da dor do seu pai, mãe, irmãos,
amigos de infância, dos Dream boys, etc.… e espero não estar a ser
intrusiva e forçar fazer parte desta corrente de luto, mas gostaria de
deixar os meus pêsames nestas palavras.
Aprendi que a
nossa missão é alcançar os nossos sonhos, nada mais! O amor e a família são
simplesmente impulsionadores para chegarmos aonde queremos, ajudam-nos a continuar
mas só atingimos o ápice dessa vida quando chegamos lá. O Fill chegou!
Descansa em
paz Fill
“Para aonde
fores, também vou, já não consigo viver tão só...”
Fill Jr
(Dream Boys –
Vou te assumir)
Descansa em paz Fill
Reviewed by Lunga Noélia Izata
on
março 01, 2019
Rating: 5
![Descansa em paz Fill](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7k5T91rg1N0uKXnLRoXA7CsJv_qWyCmDmlifqFzse1Cx3_hI69YjNH9oEBuihAKAwMwB7JCrSmurCAf71rmPtEKhZetQyOe5iXODULykZekmvebJtDVHhtXpamjsyEvy3TweUfQ_zYwI/s72-c/IMG_3365.jpg)
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Nenhum comentário: