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O julgamento é todos os dias...

Acordei com uma vontade de escrever, escrever sobre alguma coisa, partilhar algum aprendizado recente. Sou grata pelas inspirações literárias que os ensinamentos da vida trazem mas confesso que as vezes dói ser sábia, sensata e ver a vida como ela realmente é… Quero falar sobre o imperialismo do julgamento, mas devo dizer que começo este texto sem saber exactamente qual é o seu objectivo mas mesmo se não fizer algum sentido, espero que encontres nele alguma mensagem incógnita. 
Há um ano atrás, uma amiga partilhou um blog de uma “dama de companhia”, e pediu-me muito para ler. Infelizmente, na altura ignorei o texto, por desinteresse ou preguiça. Um dia quando precisava de um algum apoio moral decidi ler o mesmo e nele encontrei redenção. Crucifiquei-me por não ter lido o texto antes, mas aquele momento foi definitivamente o certo, e nele deparei-me com as respostas que procurava. Naquela pequena narração, ela dizia o que era, o que foi e o que já não queria ser. Basicamente ela exonerou-se da profissão mais bem paga de Angola. Ela foi transparente e corajosa na sua confissão, assumiu-se como fútil e suja mas também revelou que aquela imagem de “dondoca” já não lhe servia, ela precisa de livrar-se dela, como se fosse uma roupa apertada e ela queria tirar. 
Vamos chama-la de Paula, apesar de ela ter tido a coragem de falar sobre a sua vida privada, prefiro preservar a imagem dela. A Paula falava que entrou nessa vida por ser induzida por vaidade e conforto mas que um dia caiu em si e viu que ela era muito mais do que isso. As palavras dela tocaram-me, vi que apesar das suas decisões, era uma mulher forte e de verdade. Ao contrário de mim, que vi no texto discernimento, outras pessoas não gozaram da mesma perspectiva. Uma outra amiga disse que achou o texto uma manipulação emocional, que ela estava a fazer-se de vítima e que ela não merecia o nosso perdão…Perdão? Palavra que oiço constantemente, mas ainda assim não consigo entender a sua essência. 
“O nosso perdão”? Quem somos nós para julgarmos esta moça? A mesma pessoa que se recusou a aceitar a clemência da Paula, é alguém que sempre foi impulsionadora das lutas e do movimento ‘tudo pelas carteiras de marca’…Espero ser clara na minha ironia. É engraçado termos sentimentos de justiça distintos para actos semelhantes. Já vi famílias a torturarem e a difamarem o primo pobre que roubou um iphone mas o primo rico que rouba milhões do estado, nos almoços correm para ir lhe servir. Mas não vim falar da razão por de traz do julgamento, mas sim do acto de julgar em si. Porquê que julgamos as pessoas? Dizem que faz parte de nós seres humanos, julgar, criticar e apontar dedos, mas como desaprender este hábito feio? 
Ontem, foi partilhado num grupo do whatsApp um vídeo “Como aprender qualquer coisa”, é um resumo do livro “Como aprendemos”, que fala sobre as formas de obter conhecimento, melhores técnicas de compreensão, maneiras de estudar, etc. Na Inglaterra, para os estudantes internacionais, principalmente os africanos, é obrigatório fazer um ano académico denominado “Foundation” (significa ‘base’), em que aprendemos a estudar. No princípio, achei desnecessário, como acho sempre tudo que é novo para mim mas estava errada, e foi de certeza um dos melhores anos da minha vida. Descobri que não sabia estudar e que os meus métodos de reter conhecimento eram fracos. Sei que é difícil entender as minhas analogias loucas, mas espero fazer sentido no desfecho deste texto. 
Aonde se aprende a não julgar? A viver melhor? A ser melhor?Talvez o nosso “Foundation” da vida é a bíblia… ou a epidemia do século – “Palestras Motivacionais”. Sempre me perguntei da onde sai a motivação para motivar? Quem foi o primeiro louco que disse vou contar as minhas histórias de superação para ajudar alguém?Tive as respostas destas perguntas a semana passada quando assistia o ‘Rei Leão”. Timon e Pumba, são de certeza os fundadores de liberdade emocional. No filme, eles vivem pelo lema “Hakuna Matata” (Swahilli) que significa “Sem problemas”. Naquela cena em que eles cantam e compartilham com os telespectadores o seu mantra, fui bombardeada por analogias. Lembram-se da frase  “Aint worried about nothing”? que significa “não estou preocupado com nada”, esta frase fez todo sentido naquele momento. Sempre pensei que era simplesmente uma frase sem simbologia, que os rappers usavam e os seus seguidores imitavam para parecer cool – LOL. Hoje percebo a sua influência, quando não temos problema, mágoas e culpas, não nos preocupamos com nada, não sentimos peso de nada. Não se percam no delírio dos meus pensamentos, quero dizer que quando estamos bem connosco, julgamos menos e aceitamos mais. 
Anseio por uma obra “Como aprendemos a não julgar” em que nos ensine a remediar a deliberação sobre a vida dos outros. Devo dizer que aprendi a deturpar o julgamento pelo próximo quando fui posta na forca. Dizem que o dia em que dizemos adeus, chama-se ‘julgamento final’ mas pela minha experiência na terra, o nosso julgamento acontece todos os dias. Somos julgados por tudo e por nada, mas somos abençoados por sinais, energias e lições de vida que mostram que a sentença que nos atribuem não afecta a nossa idoneidade moral. É importante nos agarrarmos a todo tipo de fonte de motivação que nos culpabiliza menos e que nos faz entender que os que julgam vivem conflitos internos. Porém, talvez foi dado o nome de julgamento final porque finalmente nos livramos de todos os julgamentos que acumulamos na terra.


O julgamento é todos os dias... O julgamento é todos os dias... Reviewed by Lunga Noélia Izata on agosto 29, 2020 Rating: 5

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About me

I am willing to share my own stories and use my platform to talk about movies, books, music, volunteering, traveling and relationships.

My first publication was a fiction novel ‘Sem Valor’ (meaning Worthless) where I addressed autism and prostitution; wrote a short-fiction story ‘Hello. My name is Thulani’ featured on ‘Aerial 2018’ about transgender issues and represents an allegory of identity crisis, meaning everyone is in transition to something; co-authored with six African authors on a motivational book ‘Destiny Sagacity’ about the power of destiny; my memoir ‘The story is about me’ tells my adventures volunteering in Uganda and staying with a family in the village of Wakiso; and my recent offering “Read my Book’ is a fictional approach to apartheid.

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