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Oi família

 Oi família e amigos do meu falecido papa...hoje acordei e escrevi mentalmente essa mensagem...desculpa se os pensamentos estão descarrilados, não tive tempo de organizar. Quero partilhar com vocês os meus pensamentos de maneira que olhem para essa tragédia de maneira diferente.

 O papá estava doente há uns anos, não foi acidente de carro, nem covid-19, ou seja, não podemos culpar ninguém...por favor não vamos culpar a Girassol, nem a ninguém...quando estamos com dor, queremos descarregar em alguém a nossa dor mas isso trás alívio temporário, não trás a verdadeira paz que precisamos para continuar. O papá nunca foi de incitar fogo, sempre foi o calmante, o paracetamol da familia...vamos ser como ele, vamos ficar calmos e não culpar a ninguém...aconteceu! Se não fosse agora, ia ser daqui há um tempo, nunca íamos estar preparados mas a verdade é que já não restava muito tempo ao papá. Há dois anos que sinto isso...o papá quando esteve aqui em Fevereiro, eu não o reconheci, estava completamente magro, cansado, parecia que tinha envelhecido 10 anos. O papá sempre gostou de festas e aproveitar a vida e quando ele parou de beber eu senti-o diferente. Álcool não é tudo mas é combustível para vida, alivia e faz-nos esquecer de certas dores, e abdicar do mesmo, mudou um pouco a maneira de estar do meu pai. 

Quero dizer também que toda a morte é um sacrifício de Deus, ele sacrifica os seus melhores filhos para ensinar algo as pessoas a volta dessa pessoa. Por favor, a morte do meu pai não pode ser em vão! Vamos honrar ele, vamos ser calmos, unidos, e não dar asas a probleminhas desnecessários. Vamos ser mais presentes na vida dos outros. Nunca me esqueço o quanto o papá dizia "Já deste os parabens a Keyla?" "Tens falado com a Laidinha?" "Se vais ao cinema, apanha a Daisy e a Joanara!"...temos que ser mais unidos familia! 

 Confesso que também tive fases que me afastei mas não era por mal minha familia, eu vos amo...ás vezes podia estar num outro país, mas lembrava-me das piadas da tia Nanda e do nosso primo "adoptado" Beto; e das coisas que a Tia Guida diz (que ninguém percebe) e matava-me de rir...Quero dizer também que o papa está em nós...o papa e o meu tio Dico têm voz idênticas (tanto que ontem precisava de ouvir a voz do tio para me acalmar); a minha mãe tem o mesmo coração generoso que o meu pai tinha e se calhar foi por isso que Deus os juntou; o papa tinha a calma da Tia Paula; a paciência e compreensão da Tia Ndina; a energia da tia Morena.

Ter o papá connosco foi bom, foi lindo...parecia uma viagem ás Ilhas Maurícias... que sensação surreal! Quero dizer também que o papá sabia! Sim ele sabia, acreditem! Por isso teve aqui em Fevereiro para me despedir; por isso ficou três meses em Lisboa com a mamã e as minhas irmãs; por isso foi para Luanda e concluiu os seus últimos dias com a minha Tia Mascote (Minha tia sei que fizeste tudo ao teu alcance e fico feliz por saber que nos últimos dias dele, ele estava sob teus cuidados), o Telmo, a Nayma, a Pukinha e os seus irmãos e sobrinhos que ele tanto amava.


E para finalizar, vamos ver sempre o lado positivo...o covid-19 nos pôs numa situação frustrante mas a internet nos uniu...Vamos agradecer por essa corrente virtual de amor.
 

 

Papá, agora sei porquê que tiravas tantas fotos, estavas a colecionar memórias...Amo-te eternamente, agradeço a minha mãe por ter te escolhido para ser meu pai...Lunga


"Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou".
Apocalipse 21:4

 


 

Oi família  Oi família Reviewed by Lunga Noélia Izata on agosto 29, 2020 Rating: 5

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About me

I am willing to share my own stories and use my platform to talk about movies, books, music, volunteering, traveling and relationships.

My first publication was a fiction novel ‘Sem Valor’ (meaning Worthless) where I addressed autism and prostitution; wrote a short-fiction story ‘Hello. My name is Thulani’ featured on ‘Aerial 2018’ about transgender issues and represents an allegory of identity crisis, meaning everyone is in transition to something; co-authored with six African authors on a motivational book ‘Destiny Sagacity’ about the power of destiny; my memoir ‘The story is about me’ tells my adventures volunteering in Uganda and staying with a family in the village of Wakiso; and my recent offering “Read my Book’ is a fictional approach to apartheid.

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